O Uivo do Wookiee Acústico

"E aí, gatinha? Tá afim de conhecer um cara legal, cabeludo, herói das Guerras Clônicas, piloto da nave mais rápida da galáxia e amigo do Harrison Ford?" - Chewbacca, bêbado, cantando uma rodiana na cantina de Mos Eisley. Imagine um wookiee bêbado...

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Local: Mos Eisley, Tatooine

segunda-feira, janeiro 10, 2005

A new order is rising! It's victory is at hand!

Quando me dei conta, tarde demais, aquele rosto já havia se tornado o meu rosto. Não uma imagem vazia qualquer enterrada num manto negro e vazio de uma cabeça transparente, mas foi meu prórpio rosto que deixei se transformar. Ele quis, ele fez sozinho. Se é que meu rosto não foi dar uma voltinha e deixou que outro o tomasse. um rostinho magro, uma constelação. Aquele rosto se tornou minha casa, meu berço. "Não há lugar que não o lugar a menos quem sabe uma constelação".
Não pude suportar uma felicidade em forma de estaca de cristal encravada no pescoço. Latejando cada vez que bate, e cravando mais fundo a todo instante. O cristal desse rosto é tênue, tênue feito o ar frio, gelando cada vez mais rumo ao zero absoluto, quando apenas um suspiro pode virar uma ponte de gelo suspensa no ar. Segura em nada. O suspiro petrificou, o ar que o sustentava se mostrou mais denso e firme que o chão ancestral, o inconsciente absoluto. O rosto maldito se estilhaçou e a ponta da estaca entrou de vez.
Instante. A morte congelou-se num átimo. Não tinha mais o velho rosto, aquele espelho ilusório, e me vi nu em pêlo face ao terror das pontas de mil estilhaços ameaçadores de amor envenenado, todas reluzindo em meus olhos, ferindo-os como navalhas de luz de prata. Poderia, ou devia, fugir correndo, ou mergulhar de volta do manto negro e vazio que sempre me anulou... mas decidi pegaros estilhaços, gelando meu sangue e dedos, a lluz cortante perfurando os olhos, e dilacerei meu rosto com o que restou daquele maldito rosto do espelho, com aqueles dentes ferozes apaixonados mastiguei meu rosto até me banhar de meu sangue, já não mais vermelho nem mais quente. E consegui melibertar das prisòes de espelho de minhas antigas duas faces. As duas identidades indissociáveis.
Senhoras, senhores e coluna do meio, é com enorme prazer que anuncio o fim de uma era negra de minha vida. Decido aqui abandonar o medo e o horror do engodo de tentar alcançar a felicidade plena. A felicidade pode se conseguir mais barata, é só saber pechinchar. Aprendi a duras penas? Sei lá, depende de sua noção de duras penas. A vida é uma festa, Paris é uma festa e o Recife é uma festa numa quitinete... é só saber não se agarrar a espelhos falsos e conservar seu rosto, como você o quiser.